O MAL DE PORTUGAL CHAMA-SE SOCIALISMO

A doença de que padecemos tem um nome: EXCESSO DE ESTADO, ou numa palavra: SOCIALISMO

quinta-feira, março 16

A culpa não é do socialismo, é mesmo do liberalismo, seu estúpido

Ler A Mantra anti-liberal no Diário Económico, um texto de João Cardoso Rosas, abaixo reproduzido.

"O liberalismo é responsável pelo crescimento do défice público; não é a imprudência das políticas orçamentais, é o liberalismo. O liberalismo é responsável pelos gastos excessivos do Serviço Nacional de Saúde; não é o notável progresso dos cuidados de Saúde, é o liberalismo. O liberalismo é responsável pela falência da segurança social; não é a demografia, é o liberalismo.

O liberalismo também é responsável pela pobreza; não é a falta de qualificação das pessoas nem a estagnação económica, é o liberalismo. O liberalismo é responsável pela deslocalização das fábricas e pelo desemprego; não é a falta de competitividade do país, é o liberalismo. O liberalismo é responsável pelo descalabro da administração pública; não são os vícios da burocracia nem as corporações instaladas no aparelho do Estado, é o liberalismo.

O liberalismo é ainda responsável pela crise da educação; não é a massificação do ensino, é o liberalismo. O liberalismo é responsável pelas debilidades da nossa política cultural; não é a iliteracia da população, é o liberalismo. O liberalismo é responsável pela degradação do ambiente e da paisagem; não é a ineficácia da administração pública nem a corrupção; não, nada disso, é o liberalismo.

Por incrível que pareça, estas sentenças são repetidas à saciedade no nosso discurso político. O liberalismo tende a ser responsabilizado por tudo ou quase tudo que não corre bem. O mantra anti-liberal permite justificar tudo e, como tal, impede os diagnósticos sérios sobre o que funciona menos bem em cada sector do Estado e da sociedade portuguesa. Por outro lado, este mantra atrasa as soluções, uma vez que elas passarão sempre pela promoção dos valores liberais: transparência, simplificação legislativa e burocrática, competição aberta, ataque aos interesses instalados, responsabilidade individual e social, meritocracia na escola e na empresa, tolerância da diversidade, acesso livre ao conhecimento, abertura à crítica.

Estes valores liberais não são de esquerda nem de direita. Ou, por outras palavras, podem ser valores da esquerda ou da direita. Tradicionalmente, tanto a nossa direita como a nossa esquerda são anti-liberais, ou mesmo autoritárias. Uma parte importante da esquerda – no caso português, o Bloco, o PCP e alguns sectores do PS – contribuem decisivamente para alimentar o anti-liberalismo. Mas a direita não lhes fica atrás. Esteja ela no PSD ou no CDS, a direita foge do liberalismo como o diabo da cruz.

Se olharmos para a questão de um ponto de vista histórico, verificamos facilmente que a direita europeia foi quase sempre anti-liberal. Quando, na segunda década do século XIX, se generalizou a dicotomia esquerda / direita, a direita era estatista e a esquerda liberal. Com a emergência política do socialismo, o estatismo passa a predominar na esquerda, mas nem por isso abandona a direita. A esquerda quer pôr o Estado ao seu serviço para acabar com os privilégios; a direita quer usar o mesmo Estado para os garantir.

Mas se, historicamente, esquerda e direita na Europa se tornaram anti-liberais, isso não significa que estejam condenadas a sê-lo até à eternidade – especialmente quando têm de lidar com o mundo real. Neste aspecto, devido ao choque anti-socialista da revolução de 1989 (a queda do muro), a esquerda tem recuado notavelmente face ao seu estatismo anterior. Os partidos socialistas ou sociais-democratas europeus são hoje, parcialmente, liberais de esquerda. Poderão não o ser sempre no discurso, porque têm tanto medo da palavra “liberal” como a direita, mas são-no certamente na prática. As medidas que vão tomando – e que parecem à esquerda anti-liberal como “de direita” – visam salvaguardar as instituições da justiça social e da igualdade de oportunidades no quadro da globalização. Proteger o Estado social renunciando às receitas estatistas é o seu – e o nosso – grande desafio.

A direita, por seu turno, tende a fazer o contrário da esquerda. Embora evitando a todo o custo a palavra “liberalismo”, a direita gosta de falar do excessivo peso do Estado. Mas, sempre que vai para o poder, mais não faz do que engordar esse mesmo Estado. Foi o que aconteceu em Portugal com governos recentes, mas o mesmo se passa pela Europa fora. Até mesmo o Partido Conservador britânico de Margaret. Thatcher, que foi a única corrente da direita articuladamente liberal, não deixou de alimentar o Estado uma vez no poder.

Na campanha eleitoral que o levou à Casa Branca, Bill Clinton teria escrito num papel colocado em frente à sua mesa de trabalho “É a economia, estúpido!”. Muitos dos agentes políticos portugueses poderiam escrever antes: “É o liberalismo, estúpido!”. O problema é que, fiéis a um preconceito arreigado, tenderiam a interpretar a frase no sentido de que o liberalismo é parte do problema e não parte da solução".
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