O MAL DE PORTUGAL CHAMA-SE SOCIALISMO

A doença de que padecemos tem um nome: EXCESSO DE ESTADO, ou numa palavra: SOCIALISMO

quarta-feira, maio 2

O Drama da Direita e o Triunfalismo da Esquerda

Um post de Gonçalo Magalhães Collaço no blogue Geração de 60:

"O drama da dita Direita, em Portugal e no mundo, é não ser, nem nunca ter sido, mais do que o que a dita Esquerda sempre entendeu conveniente a dita Direita ser. Aliás, tão redutor conceito político, só mesmo à dita Esquerda lembrar poderia. De qualquer modo, os ditos Philosophes venceram e desde então têm subjugado completamente a Civilização, com os resultados que, agora, todos estão vendo.


Em Portugal, o drama é mais grave apenas pelo facto de o dito Regime Democrático ter sufocado, in ovo, qualquer veleidade de haver Partido, Movimento ou fosse o que fosse, autónomo e distinto da Esquerda triunfante. Mal despontavam, tanto o Partido Liberal como o Partido do Progresso, logo se viram aniquilados sem que ninguém entre os ditos grandes defensores da liberdade, entre os quais o muito douto e ilustre futuro Presidente da República Portuguesa, o Dr. Mário Soares, se manifestasse minimamente incomodado com o assunto. Mais tarde, é certo, quando percebeu o perigo próprio que corria, depois do Dr. Salgado Zenha ter dado o alarme e o povo acima do Tejo ter dado o corpo ao manifesto, opondo-se resolutamente à ditadura comunista que, a pouco e pouco, se tentava implantar em Portugal, lá foi até à Fonte Luminosa em defesa, antes de mais, da sua sobrevivência que, naquele exacto momento, acessória e felizmente, coincidiu e correspondeu também à defesa de um suplemento de liberdade para Portugal.

Antes, porém, para que a democracia portuguesa não se afigurasse muito esquisita a olhos de terceiros, a Esquerda havia já convocado e mandatado o Dr. Freitas do Amaral para formar, como todos sabemos, o Partido da Direita, o futuro CDS, Partido do Centro Democrático e Social, ficando assim, para sempre, a dita Direita, se é que tem sentido usar tal expressão, completamente refém da Esquerda em Portugal.

Rememorando tais antecedentes, ninguém deverá ficar surpreendido quando verifica, hoje, constituir-se como primordial preocupação de uma certa Direita em Portugal, se tal expressão tem sentido, o reconhecimento da Esquerda. Afinal, hoje, como ontem, é, continua a ser concedida à Esquerda a prorrogativa única de determinar, julgar decidir, do alto da sua sempre muito autoproclamada autoridade moral, a quem Direito de Cidade assiste ou simplesmente atirado, no melhor dos casos, para o limbo da política deva ser.

Não por acaso, foi-nos dado o espectáculo de assistimos durante anos a sucessivas entrevistas do Dr. Álvaro Cunhal, na televisão, na rádio, na imprensa, como se a identificação entre os seus ideais de regime e sistema político e tudo quanto ao longo dos anos se passava e passou na dita União Soviética, não fosse senão cousa ténue, remota, quase inexistente. Praga? Não estava informado _ tanto quanto é dado saber, parece mesmo que o Dr. Álvaro Cunhal nunca chegou a ser exactamente informado o que se passou nem curiosidade teve de o averiguar. Estaline? Bem, talvez alguns excessos hajam sido isso mesmo mas, em qualquer dos casos, isso mesmo nunca poderia colocar em causa a bondade, como agora tolamente se diz, do marxismo-leninismo-estalinismo. E, não obstante, até um Dr. Paulo Portas à grande e extraordinária inteligência do Dr. Álvaro Cunhal não deixou de se vergar e respeitar, bem como à sua muito apregoada e enaltecida coerência!!!???...

Há, como é evidente, uma intrínseca contradição na alta consideração da inteligência de um Dr. Álvaro Cunhal porque, ou era realmente inteligente e coerente e há muito teria abandonado os ideais comunistas, um equívoco intelectual de princípio a fim, ou, não abandonando, ou a sua inteligência não subia às enaltecidas alturas ou então, subindo a sua inteligente a tais enaltecidos cumes, só uma intrínseca perversidade na mesma ou no seu carácter poderia explicar tal incoerência, mas, aqui, é claro, adeus ó não menos enaltecida coerência. Válido tanto para os Álvaro Cunhal de ontem como para os Louçã de hoje.

Sim, estamos todos, com certeza, a imaginar alguém a ser entrevistado na televisão, nas Grandes Entrevistas, no prime time, como dizem os entendidos, a louvar as virtudes do nacional-socialismo e, quando interrogado sobre Hitler, limitar-se a responder, muito calma e ponderadamente: «Bem, de facto excessos terá havido mas isso não coloca em causa a bondade do nacional-socialismo». Sim, estamos todos a imaginar: seria linchado à saída do estúdio?... E no entanto, em que é que os crimes de Hitler foram mais hediondos que os crimes de Estaline? Por terem sido mais connosco do que com outros?...

Ah!, evidentemente, é necessário ter cuidado com estas comparações. Muito doutamente, a União Europeia prepara-se para criminalizar quem, por palavras e obras, coloque em dúvida a verdade oficial sobre os crimes de genocídio praticados pelo nazismo, como já sucede em algumas das suas nações. Ou seja, a partir de agora ou num futuro próximo, vamos ter de passar a ler o Diário da república para aprendermos História, determinada, por suposto, em sede parlamentar.

Ideia peregrina? Por certo. A Esquerda não entende de facto o que a liberdade seja. Não são os crimes de genocídio praticados pelo regime hitleriano passíveis de prova histórica? Não se combatem as opiniões disparatadas sobre quaisquer factos históricos com argumentos e concludentes provas históricas?

Com certeza que sim. Mas o que a Esquerda menos compreende ainda é que os hediondos crimes de Hitler ou Estaline, entre outros, são-no, não apenas pelo exacto número de mortos nos Campos de Concentração Nacional-Socialistas ou Comunistas _ a determinação dos milhões é questão para historiadores _, mas, acima de tudo, pela prepotência, mais completo desrespeito pela inviolabilidade da vida humana, ódio à liberdade e absoluta negação da individualidade, sempre demonstrados. Os milhões podem implicar uma diferença de grau mas não de natureza. Por isso mesmo, independentemente dos milhões e das peregrinas decisões da União Europeia, ambos os regimes, entre outros, estão irremissivelmente condenados para todo o sempre.

E é a esta Esquerda que uma nova e certa dita Direita parece querer pagar tributo e prestar preitos de homenagem!... Tal como persiste um enigma a razão por que raio de carga de água são tanto nacional-socialismo de Hitler e o fascismo de Mussolini associados à Direita quando a origem de ambas as doutrinas radica afinal no Socialismo, exactamente no que é vulgarmente entendido como mais genuinamente de Esquerda, e, mesmo quando tal contradição se assinala, raramente se tiram as necessárias ilações?...

Enigmas!...

Mas deixemos por momentos a dicotomia Esquerda-Direita tão cara à Esquerda...

Como sabemos, existem três Regimes puros, Monarquia, Aristocracia e Democracia, e outros tantos Sistemas Económicos puros, se assim podemos dizer, Capitalismo, Socialismo e Liberalismo, podendo entre si combinar-se indiferentemente, ou seja, uma Monarquia tanto pode ser socialista, como capitalista, como liberal, assim sucedendo com os restantes regimes.

A Esquerda, presa do pensamento dicotómico ou dialético, próprio do pensamento pueril e ingénuo, não vai além da oposição entre capitalismo e socialismos, sem compreender, como capitalismo e socialismo não são senão como duas faces de uma mesma moeda, distinguindo-se, nas palavras de Von Mises, por os possidentes se tornarem poderosos, no primeiro caso, e os poderosos, possidentes, no segundo. No mais, mais talvez se aproximem do que se afastem.

Cousa distinta, o Liberalismo _ mas isso é mais difícil de compreender.

Entretanto, a nova dita Direita, presa da Esquerda, como Direita que à Esquerda convém, para usar expressão consagrada, presa está do mesmo pensamento pueril e ingénuo _ e hoje, tudo o que temos, sob o ponto de vista político, são discussões sobre graus de socialismo. Nada mais. Sob ponto de vista político e até sob outros pontos de vista, como o ponto de vista cultural, mas deixemos por agora essa questão porque, entretanto, o que sucede é estarmos a caminhar, mais ou menos alegremente, para o abismo, na expressão de Heidegger, para uma quase irremissível desolação do mundo. Mas não é necessário que assim seja, se houver uma nova dita Direita que entenda que há mais mundos além da estreita dicotomia Esquerda-Direita, pela Esquerda imposta, definida e determinada."