O Mercado funciona sempre. E o socialismo?
Segurança privada em Portugal, lâmpadas fundidas na Rússia, sempre o mercado...
1. Fala-se muito dos mercados entre nós, mas muito boa gente, nomeadamente alguns dos que mais falam, têm uma noção vaga e populista do significado dessa palavra. Os exemplos seguintes talvez ajudem a compreende-la um pouco melhor.
2. Segundo notícias ontem divulgadas, o nº de seguranças privados em Portugal será já de 58.000, bastante mais que a totalidade dos efectivos da GNR, PSP, PJ, Polícia Marítima, SEF e ASAE, juntos, que será de 51.000.
3. Estamos perante uma típica resposta do mercado a uma situação que todos pressentem mas que a nível oficial é ainda tratada com o pudor típico do politicamente correcto: o Estado está cada vez menos capaz de exercer a função de segurança pública, nomeadamente para prevenir e combater o crime organizado. Como tal, o mercado encontrou uma necessidade dos cidadãos para satisfazer...e aí está.
4. Recordo-me de uma história que há uma boa vintena de anos me foi contada por André Jordan e passada com um seu amigo brasileiro, habitual visitante da Rússia, país que então passava por um processo de enorme convulsão política e social que sucedeu à queda da antiga URSS.
5. Uma das manifestações dessa fase turbulenta parece ter sido uma praga de vendedores ambulantes que enchiam as ruas de Moscovo vendendo toda a espécie de “tralha”. Um belo dia, o amigo de A. Jordan encontrou um destes vendedores negociando um tipo de objectos que o deixou perplexo: lâmpadas eléctricas usadas/fundidas.
6. Não resistindo à curiosidade de saber quem estaria interessado em tão inúteis objectos – quem poderá atribuir valor a um objecto tão evidentemente inútil, perguntou a si próprio – dirigiu-se ao tal vendedor e interrogou-o: quem é que compra essas lâmpadas inúteis?
7. A resposta foi muito simples e desconcertante: estas lâmpadas são muito úteis para os funcionários públicos, que as compram por 1/10 do preço de uma nova, quando chegam ao serviço trocam-nas por lâmpadas novas, levando as novas para casa...
8. Nada mais simples nem mais eloquente quanto ao funcionamento do mercado: onde quer que exista uma necessidade económica por satisfazer (uma utilidade) ele aí está a infiltrar-se para a satisfazer...tal como a água das chuvas que se infiltra nos prédios sem muitas vezes ser percebida só se dando conta quando as humidades se manifestam...
9. Em Portugal (e não só) muitos dos críticos dos mercados deveriam atentar nestes simples exemplos para perceberem melhor do que falam...
2. Segundo notícias ontem divulgadas, o nº de seguranças privados em Portugal será já de 58.000, bastante mais que a totalidade dos efectivos da GNR, PSP, PJ, Polícia Marítima, SEF e ASAE, juntos, que será de 51.000.
3. Estamos perante uma típica resposta do mercado a uma situação que todos pressentem mas que a nível oficial é ainda tratada com o pudor típico do politicamente correcto: o Estado está cada vez menos capaz de exercer a função de segurança pública, nomeadamente para prevenir e combater o crime organizado. Como tal, o mercado encontrou uma necessidade dos cidadãos para satisfazer...e aí está.
4. Recordo-me de uma história que há uma boa vintena de anos me foi contada por André Jordan e passada com um seu amigo brasileiro, habitual visitante da Rússia, país que então passava por um processo de enorme convulsão política e social que sucedeu à queda da antiga URSS.
5. Uma das manifestações dessa fase turbulenta parece ter sido uma praga de vendedores ambulantes que enchiam as ruas de Moscovo vendendo toda a espécie de “tralha”. Um belo dia, o amigo de A. Jordan encontrou um destes vendedores negociando um tipo de objectos que o deixou perplexo: lâmpadas eléctricas usadas/fundidas.
6. Não resistindo à curiosidade de saber quem estaria interessado em tão inúteis objectos – quem poderá atribuir valor a um objecto tão evidentemente inútil, perguntou a si próprio – dirigiu-se ao tal vendedor e interrogou-o: quem é que compra essas lâmpadas inúteis?
7. A resposta foi muito simples e desconcertante: estas lâmpadas são muito úteis para os funcionários públicos, que as compram por 1/10 do preço de uma nova, quando chegam ao serviço trocam-nas por lâmpadas novas, levando as novas para casa...
8. Nada mais simples nem mais eloquente quanto ao funcionamento do mercado: onde quer que exista uma necessidade económica por satisfazer (uma utilidade) ele aí está a infiltrar-se para a satisfazer...tal como a água das chuvas que se infiltra nos prédios sem muitas vezes ser percebida só se dando conta quando as humidades se manifestam...
9. Em Portugal (e não só) muitos dos críticos dos mercados deveriam atentar nestes simples exemplos para perceberem melhor do que falam...
Tavares Moreira in Quarta República 20-06-2012
Comentário de Pinho Cardão:
O Estado, como qualquer criatura, devorou o criador. Exorbitando das suas funções fundamentais, tornou-se industrial, comerciante, distribuidor, o diabo a sete. O resultado foi não cumprir devidamente as primeiras, distraído com as segundas, onde também é geralmente péssimo: em suma, não cumpre nem umas nem outras.
Como tal, e por isso mesmo, os cidadãos que o podem fazer pagam a segurança pública e segurança privada, saúde pública e saúde privada, educação pública e educação privada, justiça pública e justiça privada, aqui através da arbitragem. Quando não fazem justiça pelas suas próprias mãos.
Mais e mais estado foi o que deu: colapso na economia, colapso na justiça, colapso na segurança. Uma função vai cumprindo o seu papel, a da saúde pública. Mas muito graças aos 3 milhões de seguros de saúde privados que permitem fazer respirar o sistema público.
Comentário de Pinho Cardão:
O Estado, como qualquer criatura, devorou o criador. Exorbitando das suas funções fundamentais, tornou-se industrial, comerciante, distribuidor, o diabo a sete. O resultado foi não cumprir devidamente as primeiras, distraído com as segundas, onde também é geralmente péssimo: em suma, não cumpre nem umas nem outras.
Como tal, e por isso mesmo, os cidadãos que o podem fazer pagam a segurança pública e segurança privada, saúde pública e saúde privada, educação pública e educação privada, justiça pública e justiça privada, aqui através da arbitragem. Quando não fazem justiça pelas suas próprias mãos.
Mais e mais estado foi o que deu: colapso na economia, colapso na justiça, colapso na segurança. Uma função vai cumprindo o seu papel, a da saúde pública. Mas muito graças aos 3 milhões de seguros de saúde privados que permitem fazer respirar o sistema público.
2 Comments:
At 6:00 da tarde, Anónimo said…
Vá para países de 3ro mundo que tu vais é abandonar idéias anti-socialistas
At 6:00 da tarde, Anónimo said…
Vá para países de 3ro mundo que tu vais é abandonar idéias anti-socialistas
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