O MAL DE PORTUGAL CHAMA-SE SOCIALISMO

A doença de que padecemos tem um nome: EXCESSO DE ESTADO, ou numa palavra: SOCIALISMO

quinta-feira, julho 28

O Dr. Soares e o funeral do actual regime

Luciano Amaral neste admiravel editorial do Diário de Noticias de hoje diz quase tudo.

Por exemplo...

Não surpreendem as grandes expectativas que o geral da população e da opinião vão depositando em sucessivas soluções aparentes para o problema político-económico português. Custa a toda a gente admitir que um determinado sistema, que apesar de tudo demonstrou uma certa funcionalidade até certa altura, seja incapaz de regeneração. Logo, vai-se tentando tudo antes de chegar à conclusão a que toda a gente tem medo de chegar, ao óbvio que já toda a gente viu e ninguém quer ver que a nossa democracia, se quer sobreviver de boa saúde, tem de alterar de modo profundo o seu código de funcionamento.

ou ainda...

Até que, no outro dia, se demitiu o ministro das Finanças, aparentemente porque a tal "coragem" talvez não fosse assim tanta: a maior parte do Governo, na realidade, não tinha desistido de abrir os cordões à bolsa (actividade que alguns preferem denominar tecnicamente por keynesianismo).

e...

A verdade é que ninguém dá mais um avo de credibilidade a este Governo. Não faz mal. Perfilam-se já no horizonte as próximas ilusões. Neste momento, a preferida parece ser a chamada "presidencialização do regime". Quadro em que Cavaco surge como homem providencial. Convém percebermos a irrelevância tanto do método como da pessoa para resolverem os nossos problemas. Quanto ao método, a questão não está na falta de legitimidade política do Governo. Este Governo tem à sua disposição um mandato claríssimo para adoptar políticas decididas, mesmo impopulares; o Presidente não teria maior. E também não está no homem. Porque o homem não imagina nada de diferente daquilo que os últimos governos alguma vez imaginaram, e que é cortar despesas a eito, para criar um pouco de respiração até ao mirífico regresso do "crescimento económico".

Vai sendo tempo mais do que suficiente (mas pelos vistos não é) para se perceber que o problema do nosso sistema político e da nossa economia não se resolve apenas cortando despesas, com custos extremamente gravosos para toda a gente. A solução não passa por cortar no rendimento e na prestação de serviços de metade da população, mas por encontrar outra maneira de providenciar esse rendimento e esses serviços. Quem quiser regenerar o nosso sistema político-económico não se pode limitar a afirmar a necessidade de "sacrifícios", cortando a torto e a direito. Quem o quiser fazer tem de conceber outra forma de relacionamento entre governantes e governados, o que passa pelos tais cortes, mas deve ser complementado por um enquadramento institucional alternativo. O primeiro passo para isso é compreender que, precisamente, o Estado não deve ser um providenciador de rendimento e um prestador de serviços (que são efectivamente essenciais à vida de toda a gente), mas sim uma instância que enquadre de forma estável os esforços dos indivíduos, os quais poderão então encontrar as suas soluções para obterem aquele rendimento e aquela prestação de serviços.

Pouca gente quer ver isto. Altura em que chegamos ao mais recente episódio desta nossa bela farsa a ameaça de candidatura à Presidência do dr. Soares. O dr. Soares é o representante supremo deste estado de coisas. Ele é o fundador da nossa democracia, um dos seus melhores praticantes e, autenticamente, o seu emblema. Se concorrer e se for eleito, talvez seja a melhor maneira de rematar toda a história: o homem que presidiu ao nascimento do regime estaria perfeito para presidir também ao seu funeral.