O MAL DE PORTUGAL CHAMA-SE SOCIALISMO

A doença de que padecemos tem um nome: EXCESSO DE ESTADO, ou numa palavra: SOCIALISMO

sexta-feira, maio 30

Se a estupidez tivesse outro nome chamava-se Partido Socialista Português

Como é possível dar este tiro de canhão em ambos os pés, ao subscrever e aprovar hoje por unanimidade na Assembleia da Republica esta moção de censura?: 

«Três anos passados sob o manto do Pacto de Agressão que PSD, 
PS e CDS subscreveram, a obra de destruição do País e das 
condições de vida dos portugueses está à vista, … 

A mais grave situação nacional desde os tempos do fascismo 

torna indesmentível o retrocesso económico e social a que 
conduziu a política de direita executada nos últimos 37 anos 
por sucessivos governos, agravada nos últimos anos pela 
execução dos PEC e do Pacto de Agressão assinado por PS, 
PSD e CDS com a troica estrangeira do FMI, BCE e Comissão Europeia.»


Pois o PS acaba agora de fazê-lo.

quinta-feira, maio 29

A Queda do Socialismo na Europa

Analise acutilante, certeira e de leitura indispensavel para os crentes cegos dos amanhãs que cantam, por José Mendonça da Cruz


A nossa comunicação social distraiu-se do país e do governo para centrar-se numa espuma mais próxima dos seus «afectos»: a celebração e condução ao trono do novo herdeiro, o salvador das suas preferências e deleite. Quando, por momentos, a nossa comunicação social olha a Europa, entoa em coro as mesmas banalidades politicamente correctas que a impedem de identificar acontecimentos e tendências. Diz que a Europa está em risco, vê eurocépticos e neonazis em todo o lado.
O que a nossa comunicação social não vê, é o mais importante: o consistente declínio dos socialistas. O Partido Popular Europeu perdeu deputados, tal como os perdeu o grupo socialista S&D (curiosa sigla), mas no Parlamento Europeu saído das eleições de 25 de Maio o centro-direita e a direita (conservadores, democratas-cristãos, liberais) têm a maioria absoluta.

O declínio do socialismo começou há anos e a sua passagem ao caixote de lixo da história é uma tendência consistente. Desde 2008 que os socialistas europeus esperaram em vão amealhar à conta de uma crise do capitalismo. O que os eleitores lhes disseram, em vez disso, foi que uma crise do capitalismo, da economia de mercado - da liberdade, em suma - se cura com capitalismo melhor, mais mercado na economia e a preservação da liberdade. Espanha, Irlanda, Alemanha, e a maioria dos países de Leste (mais lembrados dessa face totalitária do socialismo que ainda encanta 10% de portugueses) fortaleceram a vitória conservadora na Europa. Na França que tanto alimentou as bibliotecas e as pulsões jacobinas da nossa esquerda, o PC desapareceu há muito e os socialistas foram reduzidos a uns piedosos 14%. Bem pregou Manuel Valls, o socialista-não-socialista convocado por Hollande em desespero, que o PSF devia retirar «socialiste» do nome, porque o conceito é «arcaico», que o PSF devia deixar de ser de esquerda, que é «utópica» e «pomposa», que a economia de mercado e a globalização são um «adquirido civilizacional». Nem assim. E, no entanto, o programa de governo de Valls (os cortes de despesa e de IRC, a revisão das leis laborais, a aposta no investimento privado) faria vomitar o PS português. Como o faria vomitar o programa do Partito Democratico italiano de modernização da economia e as propostas de Matteo Renzi, outro socialista-não-socialista, líder do único partido europeu de centro-esquerda que pode gabar-se de uma vitória de 40%.

... e em Portugal, com o devido atraso

Em Portugal, os eleitores hesitam: ao fim de 3 anos de cortes e austeridade resultantes da má gestão socialista, 31% de 35% de eleitores deram ao PS uma «vitória de Pirro» (para quê contradizer Soares sobre o tema?) que o PS comemorou com uma guerra intestina. O PS analisou os resultados e, embora proclame para consumo externo que a direita teve uma «derrota estrondosa», que sofreu uma «hecatombe», para dentro tem a alarmada consciência de que é a aliança PSD/CDS que governa, e que a governação dá muitas oportunidades (a quem tenha a vontade e a competência para as aproveitar) de captivar muito da indiferença e do protesto da abstenção, e muito da irritação virtuosa do voto Marinho Pinto. É certo que há muito por fazer na reforma da administração pública, no emagrecimento do Estado, na desarticulação dos interesses instalados, no saneamento da burocracia, na reformulação de um fisco voraz e abusivo, na reforma da nossa caricatura de justiça. Mas os indicadores económicos começam a indiciar sucessos na política económica e financeira, e um rigor na gestão de dinheiros públicos que andava esquecido há muito. Acresce que muitas das medidas do executivo (o Banco de Fomento, a maior responsabilização no recurso a fundos comunitários, a prioridade ao investimento em portos e ferrovia, a promessa do licenciamento zero, a promessa de um Simplex a sério) são coerentes e apontam para as empresas, as exportações e a iniciativa privada. Apontam, em suma, para um país moderno, que não pode ser socialista.
O PS finge que não sabe -mas sente - que o seu ideário do séc. XX é estranho e choca de frente com o mundo do séc. XXI. Os socialistas portugueses iludem a questão falando de «políticas de crescimento» e «políticas para as pessoas», chavões sem sentido porque não há dinheiro para pagá-los. Pior, essas políticas foram tentadas por Sócrates, com o investimento público irresponsável que levou o país ao resgate de emergência e à austeridade. Ou seja, verificámos dolorosamente que essas políticas não conseguiram crescimento e prejudicaram gravemente os portugueses.
Margaret Thatcher foi cruel ao dizer que o socialismo acaba quando acaba o dinheiro dos outros. A «solidariedade», outro chavão socialista para referir o dinheiro dos outros, também não virá da Europa. Não virá da Europa, sobretudo, nessa acepção de dinheiro a fundo perdido para ser gasto por quem não produz. Na Europa saída das eleições de 25 de Maio as políticas perdulárias não têm hipótese nenhuma. Não têm hipótese os sonhos excêntricos de reestruturação da dívida, e não teriam hipótese se alguém as levasse a sério as 80 irresponsáveis propostas de cortar receita e aumentar despesa.

Uma política má continua a ser má - mesmo com mais aptidões de salão e (ainda) melhor imprensa 

Mas se a Europa não autoriza ilusões e fantasias, se o tratado orçamental está assinado por antigos e actuais partidos de governo, não resulta bastante indiferente que em São Bento esteja este governo ou um governo socialista? Em desespero de causa, a comunicação social cor-de-rosa e alguma inteligência mais complacente tentam fazer passar esta mensagem. É uma mensagem falsa e perigosa.
Ao PS falta, primeiro, pessoal técnico de excelência. Vale a pena fulanizar um pouco e pensar o que seria preferível. Seria preferível ter ao leme das Finanças a secura de Vítor Gaspar, ou um Campos e Cunha que se retiraria ao primeiro anúncio de gastos criminosos? Seria preferível ter nas Finanças a segurança de Maria Luís Albuquerque, ou outro independente disposto a ser o pior ministro da Europa até à superveniência do 2º resgate? Seria preferível entregar a gestão do crédito público a João Moreira Rato ou a João Galamba? A Economia está bem nas mãos de Pires de Lima, ou estaria melhor nas de Eurico Brilhante Dias? A Saúde estaria melhor com Paulo Macedo ou com Carlos Zorrinho? O PS não tem bons quadros (o PS lamenta isso mesmo, internamente).

Mas não é indispensável fulanizar. É necessário, acima de tudo, constatar que os socialistas estão sem ideário crível, não têm políticas originais nem boas, só antigas e perniciosas. A direita precisa de insistir no facto de que a gestão socialista já deu provas bastantes de incompetência; que é a direita, e não a esquerda, que está aggiornata com a economia de mercado e o mundo globalizado de hoje - são o seu mundo; que é a direita, e não a esquerda, que tem as aptidões de gestão para dar sustentabilidade ao Estado Social, que, aliás, a esquerda arruinou. A comunicação social cor de rosa diz-nos que o putativo novo líder do PS, António Costa, é o messias e traria um novo mundo. Sempre nos disse, aliás, que Costa foi «o melhor ministro da Administração Interna da democracia» (e Cravinho «o campeão do combate à corrupção» - outra boa graça), embora nunca nos tenha explicado porquê. Mas Costa seria mais do mesmo. O socialismo não é solução, nem progresso. O socialismo é passado.
Há dois programas políticos bem próximos bem ilustrativos do que é uma governação socialista.
O primeiro, é de autoria de Sócrates. Com o seu enorme dinamismo, Sócrates investiu muito dinheiro dos contribuintes nas energias renováveis. A vontade de ir contra o mercado, a mania dos mundos novos, as proclamações de «modernidade», conduziram a um sistema que, por um lado, proporciona às empresas aliciadas lucros perenes e inexplicáveis, e, por outro, submete os consumidores às mais altas tarifas da Europa e a regras segundo as quais têm que pagar mais quando gastam menos.
O segundo exemplo, é o que António Costa se propõe fazer para «rentabilizar» a Carris e o Metro. Para os socialistas, não existem empresas deficitárias, existem apenas oportunidades de engenharia financeira. E, assim, Costa propõe-se entregar a Carris e Metro contribuições da Emel; mais o monopólio e as receitas dos outdoors de Lisboa, restritos a estações e material circulante; mais uma parcela do IMI dos prédios com acesso privilegiado a transportes; mais uma parcela das receitas do impostos sobre produtos petrolíferos. Este projecto de roda de dinheiros é inteiramente artificial, é estranho à economia, promete burocracia e confusão, dispensa toda a prudência na gestão dos transportes públicos e garante uma enorme opacidade no escrutínio dos gastos públicos.
A primeira política - a de Sócrates - e a outra - a de Costa - têm três coisas em comum: são medularmente socialistas, absolutamente ruinosas, e de uma irresponsabilidade ululante. É obrigatório pensar que são ululantemente irresponsáveis. Porque se, por absurdo, não fossem ululantemente irresponsáveis seriam outra coisa muito feia.

E não vale a pena pintar de papão a Europa

A esquerda imaginou-se num pedestal de virtudes políticas, sociais e culturais, e essa ilusão mantem-na. Sendo assim, a perda de terreno na Europa atribui-a a forças obscuras de neonazis, xenófobos, racistas, inimigos da Europa e da democracia, e extremistas (só os de direita, claro), sustentadas pela ignorância dos povos que o socialismo já não ilumina. Mas não é nada disso. São apenas terrores exagerados, sustos que têm sempre boa imprensa. O que entrou no Parlamento Europeu, sob forma de novos membros excêntricos ou desalinhados, foi uma série de avisos por parte dos eleitores da Europa: o aviso de que há muita gente farta dos passos dados em frente sem audição dos eleitorados nacionais; o aviso de que há muita gente farta do relativismo cultural que põe os valores europeus a par com práticas da barbárie; o aviso de que há muita gente farta da imigração que não só recusa a integração como pratica a hostilidade; o aviso de que há muita gente farta de políticas fracturantes que desarticulam as famílias, envelhecem as sociedades e empobrecem os países; o aviso de que há muita gente farta das estranhas disposições impostas por burocratas longínquos; o aviso de que há muitos que se sentem nacionais primeiro, e europeus só depois. Pode haver, de facto, gente retrógrada, xenófobos, proteccionistas. Mas não são monstros, nem fantasmas. São só vontades expressas democraticamente e que exigem respostas políticas. Nenhuma delas é de esquerda.

sábado, maio 17

Histórias do estatismo em acção: França


Também os franceses padecem desta terrível doença do socialismo, fatal para as economias, desastrosa para a vida das pessoas, e a sua economia outrora pujante parece querer seguir agora o caminho da Venezuela.

Segundo o recente decreto do "patriotismo económico" ( só a terminologia utilizada já dá vontade de rir), o Ministro socialista da Economia Arnaud Montebourg poderá a seu bel prazer bloquear as aquisições de empresas francesas por empresas estrangeiras, nos sectores julgados "estratégicos" (quais são eles não se sabe). 

Em três penadas um atentado:

1. ao direito de propriedade
2. aos pricipios fundadores da construção da Comunidade Europeia,
3. ao principio da livre circulação de capitais e bens na Comunidade,
4. à livre concorrencia entre empresas.

Em 2013 o investimento estrangeiro baixou de 77% em França, comparando com os +392% de crescimento na Alemanha. Imagina-se o que será em 2014.

A Europa afinal só serve para encher a boca, e a Comissão Europeia fica queda e muda, porque são os países grandes que lhes pagam a ração.

(post dedicado a todos aqueles que vão votar no dia 25 num Parlamento Europeu que tem a característica original de não ter nas suas competências o poder da iniciativa legislativa, limitando-se a discutir sovieticamente e depois carimbar as ordens duma Comissão Europeia totalmente composta por políticos não eleitos. Como retrato da democracia não pode ser melhor. Em Portugal muito especialmente, estas eleições estão a servir para promover económicamente meia duzia de palhaços úteis, a quem ninguém de juizo daria emprego, e acessóriamente a branquear a actuação do governo que nos levou à insolvência)

segunda-feira, maio 5

Restruturar o Estado terá algo a ver com isto. Ou não?

Depois das Fundações vem os Observatórios:

Observatório do medicamento e dos produtos da saúde
Observatório nacional de saúde
Observatório português dos sistemas de saúde
Observatório da doença e morbilidade (...se só para a saúde são 3 para a doença 1 é pouco!!!)
Observatório vida
Observatório do ordenamento do território
Observatório do comércio
Observatório da imigração
Observatório para os assuntos da família
Observatório permanente da juventude

Observatório nacional da droga e toxicodependência
Observatório europeu da droga e toxicodependência
Observatório geopolítico das drogas (....mais 3!!!)
Observatório do ambiente
Observatório das ciências e tecnologias
Observatório do turismo
Observatório para a igualdade de oportunidades
Observatório da imprensa
Observatório das ciências e do ensino superior
Observatório dos estudantes do ensino superior

Observatório da comunicação
Observatório das actividades culturais
Observatório local da Guarda
Observatório de inserção profissional
Observatório do emprego e formação profissional (...???)
Observatório nacional dos recursos humanos
Observatório regional de Leiria (...o que é que esta gente fará?)
Observatório sub-regional da Batalha (...deve observar o que o de Leiria deveria fazer?)
Observatório permanente do ensino secundário
Observatório permanente da justiça

Observatório estatístico de Oeiras (...deve ser para observar o SATU!!!)
Observatório da criação de empresas
Observatório do emprego em Portugal (...este é mesmo brincadeira!!!)
Observatório português para o desemprego (...este deve ser para "espiar" o anterior!!!)
Observatório Mcom
Observatório têxtil
Observatório da neologia do português (...importante para os acordos "Brasilaicos-Portuenses" e mudar a Estória deste Brasilogal (!!!)
Observatório de segurança
Observatório do desenvolvimento do Alentejo (...este deve ser para criar o tal deserto do Sr. "jamé"!!!)
Observatório de cheias (...lol...lol...)

Observatório das secas (...boa...)
Observatório da sociedade de informação
Observatório da inovação e conhecimento
Observatório da qualidade dos serviços de informação e conhecimento (...mais 3!!!)
Observatório das regiões em reestruturação
Observatório das artes e tradições
Observatório de festas e património
Observatório dos apoios educativos
Observatório da globalização
Observatório do endividamento dos consumidores (...serão da DECO?)

Observatório do sul Europeu
Observatório europeu das relações profissionais
Observatório transfronteiriço Espanha-Portugal (...o que é estes fazem?)
Observatório europeu do racismo e xenofobia
Observatório para as crenças religiosas (...gerido pelo Patriarcado com dinheiros públicos?)
Observatório dos territórios rurais
Observatório dos mercados agrícolas
Observatório dos mercados rurais (...espectacular)
Observatório virtual da astrofísica
Observatório nacional dos sistemas multimunicipais e municipais (...valha-nos a virgem!!!) 

Observatório da segurança rodoviária
Observatório das prisões portuguesas
Observatório nacional das diabetes
Observatório de políticas de educação e de contextos educativos
Observatório ibérico do acompanhamento do problema da degradação dos povoamentos de sobreiro e azinheira (lol...lol...)
Observatório estatístico
Observatório dos tarifários e das telecomunicações (...este não existe!!! é mesmo tacho!!!)
Observatório da natureza
Observatório qualidade (...de quê?)
Observatório quantidade (...este deve observar a corrupção descarada)

Observatório da literatura e da literacia
Observatório nacional para o analfabetismo e iliteracia
Observatório da inteligência económica (hé! hé!! hé!!!)
Observatório para a integração de pessoas com deficiência
Observatório da competitividade e qualidade de vida
Observatório nacional das profissões de desporto
Observatório das ciências do 1º ciclo
Observatório das ciências do 2º ciclo (...será que a Troika mandou fechar os do 3º, 4º e 5º ciclos)
Observatório nacional da dança
Observatório da língua portuguesa

Observatório de entradas na vida activa
Observatório europeu do sul
Observatório de biologia e sociedade
Observatório sobre o racismo e intolerância
Observatório permanente das organizações escolares
Observatório médico
Observatório solar e heliosférico
Observatório do sistema de aviação civil (...o que é este gente fará?)
Observatório da cidadania
Observatório da segurança nas profissões 

Observatório da comunicação loca l (...e estes???)
Observatório jornalismo electrónico e multimédia
Observatório urbano do eixo atlântico (...minha nossa senhora!!!)
Observatório robótico
Observatório permanente da segurança do Porto (...e se em cada cidade fosse criado um?)
Observatório do fogo (...que raio de observação!)
Observatório da comunicação (Obercom)
Observatório da qualidade do ar (...o Instituto de Meteo e Geofisica não faz já isto?)
Observatório do centro de pensamento de política internacional
Observatório ambiental de teledetecção atmosférica e comunicações aeroespaciais (...este é bom!!! com
o nosso desenvolvimento aero-espacial!!!)

Observatório europeu das PME
Observatório da restauração
Observatório de Timor-leste
Observatório de reumatologia
Observatório da censura
Observatório do design
Observatório da economia mundial
Observatório do mercado de arroz
Observatório da DGV
Observatório de neologismos do português europeu

Observatório para a educação sexual
Observatório para a reabilitação urbana
Observatório para a gestão de áreas protegidas
Observatório europeu da sismologia (...o Instituto de Meteo e Geofisica não faz isto também???)
Observatório nacional das doenças reumáticas
Observatório da caça
Observatório da habitação
Observatório Alzheimer
Observatório magnético de Coimbra


Alberto Gonçalves no Diario de Noticias de Domingo dia 4 de maio

A proverbial sabedoria popular? Não conheço eufemismo maior, embora "proverbial" seja o termo. De "Abril, águas mil" (Abril é dos meses menos chuvosos) a "Dinheiro não traz felicidade" (é sabido que o êxtase só se atinge em situações de miséria absoluta), os adágios que pretendem ilustrar a sensatez do povo são um compêndio de inanidades apenas comparável aosworkshops do Bloco de Esquerda.
Vem isto talvez a propósito do seguinte: pelos vistos, de tanto se repetir por aí que o Governo é liberal ("neo", "ultra" e assim), houve mesmo quem acreditasse. Só isso explica o espanto de alguns face ao anunciado pequeno aumento de impostos, o qual de facto será muito maior e não surpreende os que perceberam desde o início do mandato e dos tempos que, independentemente dos rostos, dos epítetos, dos prefixos e dos discursos, os senhores no poder defendem o Estado contra os cidadãos.
Por outras palavras, o Governo é socialista e no fundo nunca lhe passou pela cabeça ser coisa diferente. Nem podia passar. Sempre que se impõe a escolha entre prejudicar os que beneficiam do fisco - incluindo partidos, administração pública, fundações, observatórios, gabinetes de "apoio" e clientelas em geral - e prejudicar os que sustentam o fisco, não existem dúvidas. A única dúvida consistia em discernir se o dr. Passos Coelho nos levaria ao desastre com idêntico empenho ao protagonizado pelo antecessor e ao ameaçado pelo candidato a sucessor, que pelo menos têm a vantagem de assumir o socialismo. Hoje, a dúvida já não existe. Mas o interessante é o povo insistir que os políticos são todos iguais e depois admirar-se perante a fulminante veracidade do próprio cliché. Não admira.